Pesquisa testa alternativa de saneamento para comunidades ribeirinhas do Amazonas

As políticas públicas de saneamento nos municípios do Amazonas ainda são um desafio. Nas comunidades ribeirinhas, em função do ciclo de enchente e vazante, encontrar uma alternativa viável para este fim é ainda mais complexo. Um projeto de pesquisa do Programa de Iniciação Científica (Pibic) do Instituto Mamirauá está avaliando a eficiência de um modelo de sanitário seco. A proposta é que, após atestada a eficácia desta tecnologia social, o modelo possa ser adotado em comunidades do interior do estado, como uma alternativa de saneamento para estas populações.

A bolsista Pibic Sênior responsável pela pesquisa, Cláudia de Lima, nasceu e vive em Tefé e está cursando o 5º período em Ciências Biológicas na Universidade do Estado do Amazonas. De acordo com a bolsista, na pesquisa, é avaliada a eficiência do uso de cinzas e serragem para a desidratação dos dejetos e diminuição de patógenos. “Eu amo parasitologia. E como o projeto envolvia análise de parasitas, eu me identifiquei. E também por poder mudar a situação em que a gente vive, com alternativas ecológicas, principalmente em termos de saneamento”, disse.

Cláudia enfatiza que a pesquisa visa apresentar uma tecnologia viável e barata que possa ser aplicada no contexto amazônico, considerando as particularidades ambientais e sociais da região. “É muito bom poder ajudar as pessoas, em termos de comunidade e ambiente. Geralmente, nas comunidades, são sanitários em céu aberto ou em fossas”, contou a bolsista.

Melhorias para a região

O último Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos, divulgado anualmente pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das Cidades, apontou que apenas 8,7% dos municípios da região Norte atendiam a população, de zona urbana e rural, com coleta de esgoto em 2015. Desse montante de esgoto coletado, 83, 9% é tratado. No entanto, do valor total de esgoto gerado nestas cidades, considerando também a quantia que não é coletada pelo poder público, apenas 16,4% é tratado, e o restante seria devolvido à natureza sem tratamento.

Os dados reforçam a importância de projetos como o desenvolvido por Cláudia, que investigam alternativas viáveis que podem ser implantadas pelas famílias em seus domicílios. Por meio dos projetos de iniciação científica, ela e outros jovens do município estão buscando soluções para as demandas da população, em relação à melhoria da qualidade de vida e à conservação ambiental.

“Acreditamos que o sucesso do programa na instituição vem da dedicação dos participantes, do reconhecimento do Instituto como uma referência na região e da característica dos projetos de pesquisa, que tratam de temas aplicados à realidade dos estudantes”, comentou Maria Cecília Gomes, que é coordenadora do Programa de Iniciação Científica Sênior do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Este programa conta com o apoio do MCTIC para pagamento de bolsas de estudo.

Com informações da assessoria | Foto: Amanda Lelis